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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

41 ANOS DA MORTE DE CHE GUEVARA: SUA TRAJETÓRIA E SEU LEGADO










No dia 09 de Outubro de 1967 morreu um herói e nasceu um mito, Ernesto "Che" Guevara, libertador de Cuba e o princípal ícone da luta de um continente inteiro durante o séc. XXI por sua emancipação.

A trajetória de Che Guevara

Nascido na cidade de Rosário, Argentina, no dia 14 de Junho de 1928, sua família foi forçada a mudar-se para Córdoba, por causa de sua asma, mesmo com as dificuldades oriundas da crise de 29, Ernesto teve uma vida razoável, a família de classe média que contava com mais 4 filhos, todos estes criados num bom ambiente, muda-se novamente, desta vez, para Buenos Aires, onde Ernesto estudaria medicina, buscando ajudar as pessoas com a medicina.

Aos 19 anos, Ernesto decide conhecer o interior do país de bicicleta, 4 anos depois, decidi viajar de motocicleta pela América do Sul com seu amigo Alberto Granados, viagem esta, decisiva para a formação política de Che, que conhece de perto o sofrimento do povo. Após terminar os estudos em Buenos Aires, Ernesto é convidado por Alberto (que não retorna da viagem junto com Ernesto) para trabalhar com ele na Venezuela, convite que é aceito. Durante a viagem, vários problemas ocorrem, até que Ernesto fica sabendo dos acontecimentos políticos na Guatemala (Jacobo Arbens, como presidente deste país estava realizando uma série de reformas de cunho popular, que iam diretamente contra os interesses estadunidenses). Chegando na Guatemala, Ernesto ajuda como pode, primeiramente trabalha num posto médico da capital, até que uma invasão militar estadunidense derruba o governo de Jacobo, Ernesto tenta a luta armada, mas não consegue apoio. Procurado e correndo risco de vida decidi se exilar no México, junto com alguns conhecidos de vários países. No México conhece alguns exilados do Movimento 26 de Julho, que liderados pelo ex-advogado Fidel Castro, buscavam libertar Cuba da ditadura pró-EUA de Fulgêncio Batista, iniciava-se um novo capítulo na vida de Che.

Após um árduo treinamento e de ser até preso, Ernesto embarca no navio Granma, com cerca de 100 guerrilheiros para invadir Cuba e derrubar a ditadura de Batista. Porém, com o excesso de carga, o navio chega 3 dias após o previsto, todas as insurreições populares que deveriam dar apoio ao movimento já haviam sido esmagadas, logo que chega em terras cubanas os guerrilheiros são atacados, após muita confusão e dispersão, apenas pouco mais de 10 sobrevivem, mesmo assim, decidem subir as montanhas e continuar a luta.

Com uma plataforma popular e um exército bem organizado, o 26 de Julho vai ganhando cada vez mais o apoio da população, principalmente de camponeses, que vão engroçando cada vez mais as fileiras do movimento. Ernesto, passa a ser chamado de "Che", graças ao uso corrente desta expressão, que é comum em determinadas regiões da Argentina, e com muita garra e habilidade, passa a ser um dos comandantes do movimento, que no dia 1º de Janeiro de 1959, entra vitorioso em Havana, após a fuga de Batista, inicia-se a Revolução Cubana.

A revolução não tem um caráter comunista no início, inclusive nem era apoiada pelo Partido Comunista, alguns poucos membros eram adeptos do marxismo, como o próprio Che (que aprendera muito com Hilda Gadea, revolucionária peruana que conheceu durante sua última viagem e casou-se em em 1955) e o irmão de Fidel e também líder da revolução, Raúl Castro. Fidel procura a ajuda dos EUA, inclusive visita este país, porém, logo se decepciona e em 1962, graças ao apoio da URSS, a revolução é declarada socialista.

Durante sua estadia em Cuba, Che separa-se de Hilda Gadea e casa-se com Aleida March. Cumpre várias tarefas (comandante das forças armadas revolucionárias, diretor do Departamento de Industrialização e presidente do Banco Nacional) e viaja para diversos países (como o Brasil e a URSS). Denuncia aos 4 cantos do mundoa exploração e humilhação que o imperialismo estava impondo, é reconhecido pelo 3º mundo como seu porta voz. Com a fundação da OLAS (Organização Latino-americana de Solidariedade) a luta armada começa a ser pregada por todo o continente.

Em 1965 vai ao Congo, lutar pela independência deste país junto com alguns cubanos. Após diversas dificuldades, como problemas no dialógo, indiciplina e crenças no movimento congoles e a falta de comunicação com os líderes do movimento, Che decide voltar para Cuba.

Em 1966 vai a Bolívia e junto com membros do Partido Comunista, pretendia iniciar um foco revolucionário que não faria a revolução apenas na Bolívia, mas sim no continente inteiro, vários focos guerrilheiros estavam acontecendo no continente, e Che pretendia unificar a América-Latina através da revolução socialista obtida após a tomada do poder por estes movimentos.
Che obteve vários problemas, primeiro foi abandonado pelo PC, que decidiu seguir a linha soviética de Kruschev, depois teve de iniciar os combates nas piores condições, quando seu exército ainda estava em treinamento, após perder o contato com Cuba e ficar isolado na selva, Che, que estava com um grave ferimento no pé, é preso no dia 08 de Outubro e fuzilado, por orden da CIA, no dia 09.

A atualidade de suas idéias

As idéias de Che centravam-se num projeto de América Latina unida como nação e socialista, forte o suficiente para enfrentar o imperialismo dos EUA e a luta armada como única saída para todos os povos que desejassem almejar sua libertação e o socialismo, que só seria consolidado com a total transformação da consciencia do ser-humano, tornando-se um novo homem.

Passados mais de 40 anos de suas contribuições, muita coisa se perdeu, outras estão superadas, mas muitas ainda são válidas. O foquismo se demonstrou uma excessão quanto a sua vitória em Cuba, todos os movimentos que trilharam esta opção de luta armada forma sufocados, os camponeses do continente, mesmo que com uma forte tendência à luta, dificilmente largam seus costumes pequeno-burgueses e a econômica se mostrou muito mais complexa do que parecia. Porém, a burocracia reinante em diversas organizações ainda é fator decisivo para a falta de perspectiva revolucionária, a falta de ligação com as massas é visível, as armas se mostram cada vez mais necessárias, inclusive para garantir os avanços conquistados sob regimes democráticos, como na Venezuela e a humanide se mostra cada vez mais carente de uma nova forma de viver, a humanidade já não suporta mais seu próprio comportamento, o homem novo se tornou uma necessidade, e toda militância revolucionária continua sendo a principal responsável pela concretização deste, que deve ser frojado dia-a-dia em todos os momentos da vida, a abnegação e a vontade de mudar o mundo ainda são as características marcantes de todo comunista. O projeto bolivariano encampado por Che está presente em grande parte dos discursos dos líderes populares do continente.

Não podemos separar Che do seu mundo, só o fato de ter sido fundamental para a implantação do 1º regime regime socialista no ocidente já seria o suficiente para o transforma-lo num mito, mas não parou por aí, todas as suas realizações se deram dentro de uma crise no movimento marxista, a apatia tomava conta das organizações comunistas que não conseguiam corresponder aos anseios de libertação de seus povos, o império se mostrava furioso e intransigente diante da ameaça da vitória do socialismo, qualquer sinal de ameaça aos seus interesses era tratada com ódio e intransigência. Che foi um dos criadores de uma alternativa concreta, tanto a apatia reinante no movimento marxista tradicional, passando pela falência do reformismo das burguesias nacionais e democráticas até as ditaduras bancadas pelo imperialismo.

Mas com todas as controvérsias, todas as divergências de opinião e todas as análises históricas, ninguém pode negar que o maior legado deixado por Che foi seu exemplo, tudo que pregou fez na prática, dedicou toda sua vida a vitória do socialismo e por isso, desde sua morte, seu rosto estampa as bandeiras de manifestações de todos os tipos ocorridas em diversas partes do mundo. Seu exemplo ainda perdura, mesmo os que não o conhecem sentem simpatia por seu rosto, só por saber que este é um sinal de rebeldia, cabe a nós, mostrar o que está além do barbudo rebelde, a nossa tarefa é transformar qualquer foco de simpatia em revolta. Che tombou, mas o seu sangue regou nossa terra, e as sementes por ele plantada, junto com a diversos revolucionários, sedo ou tarde irão dar resultado.

"Façamos um, dois, três, muitos vietnãs"

Com esta frase, Che sintetizava seu sentimento, que via a resistência heróica de um povo como exemplo a ser seguido por todos que almejassem a sua libertação. A pouco tempo, Chávez relembrou esta frase, está na hora de todos nós relembrarmos.

Os povos do mundo não suportam mais a exploração, o capitalismo está chegando ao seu fim, esgotam-se as possibilidades de resolver as crises criadas por este mesmo, o mundo está novamente a beira de um colapso econômico, a terra está sendo destruída, em poucos anos não teremos mais água. A burguesia não é mais capaz de apresentar uma alternativa concreta para a humanide, cabe a nós apresentar uma alternativa e romper de vez com a crise do marxismo. Cada vez mais, vemos tanto na América Latina quanto no Oriente Médio, o surgimento de fortes movimentos de reação ao imperialismo, porém ainda carecem do caráter científico que qualquer alternativa socialista necessita para se consolidar, ou a apresentamos ou não teremos mais mundo para que outros apresentem no futuro.

Os poderosos podem até ter matado Che, mas não impedirão que seu legado continue, a primavera ainda esta para chegar, podem ter matado uma, duas ou três rosas, mas jamais impedirão a primavera. Enquanto houver capitalismo no mundo, haverá exploração, enquanto existirem trabalhadores sendo explorados, existirá a esperança pelo socialismo.


Socialismo ou Morte!

Que seja eterna a luta de Che Guevara e de todos aqueles que deram suas vidas pela emancipação dos povos e pelo socialismo.


Diego Grossi - 09 de Outubro de 2008

Um comentário:

Anonymous disse...

muito boa essas informações...

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